Caindo...

Quanto sofrimento pode um coração humano suportar? Quantas desilusões pode agüentar antes de cair no mais profundo abismo? O abismo atrai aquelas pessoas que sofrem, não por medo, mas por desespero. O que resta para um coração depois que as ilusões se vão? O que resta para um coração, quando não existem mais esperanças? Resta apenas cinzas e tristeza. Resta apenas pranto e rancor. Não é possível para um coração se entregar sem se machucar? Será impossível para um coração voltar a amar? Esse coração não esperava retribuição. Esse coração não esperava reconhecimento. Mas ele não pôde suportar ser pisoteado. Mas ele não pôde agüentar ser devastado. A ternura e a calma afundaram no abismo. Frieza restou no lugar delas. O demônio caído se levanta da lama. Não existe mais o anjo para dominá-lo. O equilíbrio se foi, se é que algum dia existiu. Nem bom, nem mal, apenas caído. Um anjo caído vivendo entre mortais. Um anjo maldito buscando redenção. Alguém que amou demais e por isso caiu. O abismo o recebeu de braços abertos mais uma vez. Um filho pródigo que retorna depois de um tempo tentando ser algo que não pode ser. Tentar ser humano é padecer de tristeza, tentar ser um anjo é viver sem amor, tentar ser demônio é sofrer pela culpa. O que resta então para aquele pobre coração? A ilusão se foi. Agora sabe que não pode fugir de sua essência. Viveu um sonho bom, realmente acreditou na redenção. Mas era sensível demais sua percepção, e a verdade mundana mais uma vez o despertou. Em sua nova queda leva mais uma vez inocentes. Será que sua alma sempre estará maculada por corações inocentes? Olha para cima e faz uma prece. Não pede perdão, pois sabe que não merece. Mas pede um alento, e um pouco de paz. Não quer mais sofrer, mas acima de tudo não quer mais trazer sofrimento. Sua prece é ouvida. Ou pelo menos acha que foi. Agora só restar esperar que novamente o abismo consiga deixar.

Uma vez demônio, sempre carregará dentro de si a marca da perdição...