domingo, agosto 24, 2008

Sozinho...

Por um instante ele imaginou que seria o momento. Por um breve instante a esperança reacendeu em seu tolo coração. Mesmo com todas as lutas que já havia combatido, dentro de si ainda residia um ingênuo coração. Um espírito puro, que não havia sido corrompido pelas trevas desse mundo.
Em seus olhos o brilho que parecia reluzir diretamente de sua alma inspirava os desavisados. Algo havia de diferente. Mas a mente ainda no controle foi capaz de segurar as rédeas das sensações desenfreadas de um coração livre. Talvez este segundo tenha sido culminantes para o desfecho que se seguiu. Talvez esta pequena decisão em meio a tantas indecisões tenha sido a responsável pela tristeza que se seguiu. Mas como se julgar o que ainda está para acontecer? Como saber que desfecho terá algo que nem se consumou?
O grande defeito de um coração puro é sempre esperar reciprocidade de sentimentos. Entrega e espera retorno. O problema é que espera na mesma intensidade. Coisa impossível de acontecer, pois todos são diferentes, nas percepções e nos atos.
Esperou... Esperou... Talvez quisesse que as coisas terminassem como terminou. Talvez não. Mas a verdade é que apenas esperou. Como se esperar fosse capaz de solucionar os grandes dilemas do universo. Como se esperar fosse só esperar. Como se as pessoas ainda procurassem pureza. Como se alguém quisesse qualidades em alguém.
Desse caminho ele se afasta a cada dia. A cada segundo, se afasta do que o faz humano. Queria poder sentir como os outros sentem. Mas é incapaz de compreender. É incapaz de prosseguir com a mentira. Mesmo que ela seja contada há muito tempo, e por tantas pessoas, para ele a mentira sempre será mentira. E mentira é o que as pessoas vivem hoje, e se satisfazem com isso. Com tão pouco. Trocam sua divindade por alguns segundos de sensações divinas. Se as pessoas soubessem o que ele sabe, não fariam o que fazem. Tentariam seguir um caminho mais digno, onde os sonhos são grandiosos, e se tornam reais a cada esquina.
Mas a chama não era forte o suficiente, e não havia muito combustível naquele coração. Aos poucos, diante da pequena verdade mundana, a esperança se apagou, até não restar nem uma fagulha.
Mais uma vez o fim...

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

" Nem todos estão aptos a viver em espera, feliz aquele q se encontra mesmo que poucos momentos, há quem consiga viver em mentira, e passam uma vida toda nela !"

2:32 PM  
Blogger Francisco Castro said...

ótima crônica!

Parabéns

7:55 AM  
Blogger Vanessa Oliveira said...

Que profundo esse texto. Meros detalhes do ser humano que só um bom observador consegue perceber.

1:47 PM  

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