sábado, agosto 03, 2013

O Caído


Olhos que brilham na escura noite e dela trazem novo sentido. Uma fragrância que há muito tempo não sentia. Mesmo que o medo fosse o direcionador daquele momento, ainda assim seria mágico e único. Era novamente o despertar, e desta vez foi mais intenso do que todas as anteriores. Podia olhar mais fundo e penetrar onde antes não conseguia. Agora destroçava mesmo sem querer, qualquer alma que cruzasse seu caminho. Um novo poder talvez, mas não era isso que sentia. Sentia no fundo de seu ser que era apenas aquilo que já fora se mostrando novamente, mas agora sem as amarras e grilhões da falsa natureza humana. Abandou as ilusões tão fácil como elas chegaram. Descobriu que não era mais escravo dos sentimentos como já fora um dia. Seu passado retorna em flashes que vão e vem, lhe trazendo por vezes um amargo gosto em seus lábios, mas por vezes um sabor tão doce que chega a entorpecer. Suas asas já não são como antes, e se pergunta se ainda pode voar. Pensa em tentar, mas desiste, Quer primeiro saborear aquele momento. Absorve cada sentimento com voracidade que assusta. Quanto tempo ficara sem sentir aquele gosto tenro e revigorante que só uma alma tola tem. As pessoas sem apegam em tantos sentimentos, mas sem sombra de dúvida a ilusão era o que mais lhe agradava. Tinha um gosto inebriante, quase destrutivo, mas ao mesmo tempo revigorante. Para os tolos é fácil se inebriar pela ilusão e dela facilmente tornam-se escravos. Talvez esta linha tão tênue seja o que mais lhe atrai, pois não existe graça sem não houver riscos, e quanto maior o risco, mas ele sente-se forte, renovado. Seu caminho ainda é obscuro, mas agora sente um novo propósito. Ainda existem alguns grilhões a serem rompidos, mas depois de tantas idas e vindas, pela primeira vez se sente livre realmente. Aceitou o seu destino, mesmo que isto signifique sua completa perdição.
Nem homem, nem anjo, nem demônio. Não existe mais definição para o que se tornou. Não é puro para o paraíso e nem maldito para o inferno. Os humanos não o compreendem, e dentre eles sempre será superior. O que antes lhe era motivo de vergonha, agora se tornou seu orgulho.