terça-feira, dezembro 18, 2007

Crepúsculo


O olhar se perde encarando o horizonte. A distância inatingível dos sonhos impossíveis. A perda tornou-se tão comum que já não é capaz de separar a vitória da derrota. As lembranças. Sempre tão vivas e constantes. Difícil separar a realidade da fantasia. Se somos o que pensamos ser o que nos impede de sermos o que quisermos?

O caminho já não é tortuoso. Mas ele mal sabe o que é segurança. Tortuoso foi no passado. Doloroso é no presente. Inconstante será no futuro.

Mas mesmo a dor já perdeu seu sentido. Caminho vazio e solitário. Tudo passa tão rápido. Tão superficial.

Às vezes a lembrança retorna. Novamente a lembrança. Será sua vida uma eterna lembrança? Nostalgia de tudo que fez, incapaz de viver coisas novas? Preso para sempre na entropia das indecisões?

Ele sofre em silêncio. Seu sofrimento lhe dá forças tanto quanto lhe enfraquece. Não pertence à este mundo. Não pertence à mundo algum. Um eterno condenado, vagando pelos planos, buscando um sentido para seu caminho sem sentido.

Uma encruzilhada de virtudes. Às vezes bom. Quase sempre mal. Impuro na própria pureza. Alva alma imperfeita. Tão sem máculas que ofende. Mas ao mesmo tempo profunda como as trevas.

Queria se lembrar de seu nome. Mas isto lhe foi negado. Não um nome criado, batizado e registrado. Mas seu verdadeiro nome. Aquele que lhe ensina sua verdadeira essência. Que lhe indica seu caminho para casa.

Casa. Outra coisa desconhecida. Sabe que precisa. Que no fundo lhe faz falta. Mas não sabe onde está. Só sabe o que não é. Mas o que é lhe foge a compreensão.

Suas asas às vezes se abrem. Mas ele rapidamente a esconde. Este mundo não tolera o diferente. Não aceita o destaque. Ele preferiria o anonimato. Mas até mesmo isso lhe é negado. Pois um brilho estranho lhe acompanha. E os quase cegos que despertam enxergam a luz escura que brilha na mente dos que se deixam tocar.

Busca a forma sem forma. A luz que não brilha e o fogo que não queima. Mas quem pode lhe dar isto? Quem pode lhe ensinar o caminho? Se o verdadeiro conhecimento afundou em águas profundas e hoje só mortos-vivos caminham na terra dos deuses.

Poderia ser um deus se pelo menos conseguisse entender o que é ser homem. Mas prefere a infância. Prefere a pseudo-liberdade de escolhas que não existem.

Ele ouve crianças brincando. O som dos risos inocentes, quase incoerentes lhe preenchem o vazio da quase alma que pensa que possui.
Assim ele encara o horizonte. O sol quase se pondo. O mundo escurecendo. As trevas tocando a luz em uma dança quase mágica. Assim ele sonha com o dia em que assim como o sol desaparece no horizonte, ele também possa desaparecer no horizonte dessa quase vida que finge viver todos os dias.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Este comentário foi removido pelo autor.

2:11 AM  
Anonymous Anônimo said...

Triste...
Assim como seus olhos...
Incomparavél...
Assim como sua mente....
Lindo ...
Assim como seus sonhos...

Muito de vc !!!!

Cá pra nos amei a parte que vc diz " Tão sem maculas que ofende "... lindo Chris...

4:43 PM  

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