domingo, maio 25, 2008

Reflexão


Bruxas queimadas no Quênia... Jovem assassinado em briga de trânsito...

Notícias. Estamos nos acostumando com isso. Tragédias. Fazem parte de nosso cotidiano como o conhecido arroz e feijão. Dá mesma forma que não pode faltar em nossa refeição diária o bom e velho arroz e feijão, não pode faltar em nosso dia uma tragédia noticiada. Buscamos isso em jornais em revistas, esperamos por isso nos telejornais. Cada dia que passa algo mais terrível e hediondo é noticiado. Nos indignamos, reclamamos, ficamos chocados. Mas esperamos por outra tragédia no dia seguinte. Esta é a sociedade da estagnação. Um dia um austríaco que prende a filha e a estupra por mais de vinte anos, no outro um casal joga a filha pela janela. Assim são nossos dias. Acordamos, saímos para trabalhar. Lemos os jornais em busca de notícias para comentarmos com os conhecidos. Para termos algo de que falar, algo a criticar para fugir de nossa inegável e estúpida rotina. Esquecemos no decorrer deste cansativo dia o que realmente somos: seres humanos. Esquecemos o que nos move: sentimentos. Nossa vida tornou-se tão vazia que precisamos o tempo preenchê-la com acontecimentos que nos choquem, que nos toquem, que nos façam sentir vivos. Apesar da indignação que há em todos, há também o sentimento escondido que ninguém ousa mencionar: ainda bem que não foi comigo. E assim empurramos nossa medíocre vida. Até o momento em que a dura realidade também nos alcança. Nesse momento choramos, nos desesperamos. Dizemos que a vida é injusta. Mas nunca percebemos que injusta não é a vida, e sim nós. Temos tudo diante de nós para fazermos a diferença, mas optamos pelo mais cômodo, mais fácil. E assim a vida continua, enquanto bruxas são queimadas no Quênia e crianças são arremessadas de janelas...