Anjos das Ruas

Eles estão por todos os lados. São nossas sombras.
Nossa vergonha. Nosso futuro. Nosso passado.
A eterna expressão de tudo que queremos esconder em nossos corações.
E ainda assim acordamos todos os dias fazendo de conta que não existem.
Que são apenas parte de um cenário maior que não podemos mudar.
Que temos que aceitar.
Mas eles são seres humanos. São como nós. São parte de nós.
E nenhuma condição social poderá apagar isso.
Mesmo que em nossa ignorância e desprezo tentamos esquecer.
Eles existem. E enquanto não fizermos nada para mudar este quadro.
Enquanto não acabarmos com as diferenças sociais.
Nossa sombra para sempre nos acompanhará. É preciso que continuem existindo.
Mas como seres humanos que estão ao nosso lado e não mais como párias.
Isolados do mundo que tem lugar para abrigar a todos, mas que infelizmente
só pode ser usufruido atualmente por uns poucos privilegiados.

Anjos das Ruas

Andando pelas ruas
Eu vejo algo mais do que arranha-céus
É a fome e a miséria
Dos verdadeiros filhos de Deus
Vejo almas presas chorando em meio a dor
Dor de espírito clamando por amor

Anjos das ruas
Anjos que não podem voar
Pra fugir do abandono
E um futuro poder encontrar
Anjos das ruas
Anjos que não podem sonhar
Pois a calçada é um berço
Onde não sabem se vão acordar

Às vezes se esquecem que são seres humanos
Com um coração sedento pra amar

Vendendo seus corpos por poucos trocados
Sem medo da morte o relento é seu lar
Choros, rangidos, almas pra salvar

Rosa de Saron