terça-feira, agosto 29, 2006

Sombras


So viele Menschen sehen Dich
Doch niemand sieht Dich so wie ich
Denn in dem Schatten deines Lichts
Ganz weit dort hinten sitze ich
Ich brauche Dich - Ich brauch dein Licht
Denn aus dem Schatten kann ich nicht
Du siehst mich nicht - du kennst mich nicht
Doch aus der Ferne lieb ich Dich
Ich achte Dich - verehre Dich
Ich hoff auf Dich - begehre Dich
Erfühle Dich - erlebe Dich
begleite Dich - erhebe Dich
Kann nicht mehr leben ohne Dich

Dies ist der Morgen danach
Und meine Seele liegt brach
Dies ist der Morgen danach
Ein neuer Tag beginnt
Und meine Zeit verrint

Dieses alles schreib ich dir
Und mehr noch brächt ich zu Papier
Könnt ich in Worten alles Leiden
Meiner Liebe dir beschreiben
Nicht die Botschaft zu beklagen
Sollen diese Zeilen tragen
Nur - Ich liebe Dich - doch sagen
Heute Nacht erhälst du dies
Ich bete dab du dieses liest
Im Morgengrauen erwart ich Dich
Ich warte auf dein strahlend Licht
Ich träume dab du mich bald siehst
Du morgen in den Schatten kniest
Und mich zu dir ins Lichte ziehst

Dies ist der Morgen danach
Und meine Seele liegt brach
Dies ist der Morgen danach
Ein neuer Tag beginnt
Und meine Zeit verrint

Lacrimosa

sexta-feira, agosto 25, 2006

Angústia e Medo


Onde está a honra desse mundo? Estou perdido em um mundo louco. Não sei o que faço aqui. Onde está a glória do passado? O que houve com os feitos bons? Onde estão os heróis de outrora? Só vejo corrupção e perversão para todos os lados que olho. Mas no fundo de minha alma eu sei que nem sempre foi assim. O mundo já foi um lugar diferente. As pessoas já foram melhores do que são hoje. E talvez por isso eu me sinta tão deslocado. Eu busco um mundo que não sei mais se existe. Eu vagueio perdido e confuso entre as pessoas. Não me encontro em lugar algum. Assumo máscaras, finjo uma vida que não é minha, apenas para tentar passar desapercebido pelas outras pessoas. Mas as vezes é tão difícil. Eu sei quem eu sou, mas é tão difícil não ser o que os outros esperam.

Louco e maldito mundo
Pessoas tolas e fúteis
Caminho como cego e surdo
Para não me contaminar

Pensei que estava livre mas não estava
Hoje as trevas me tomaram por um tempo
Foi horrível
Agi como um louco e disse coisas sem pensar
Foi terrível ver o teor de minha maldade
Até onde vai a corrupção da alma?
A alegria me deixa fraco
Estou com medo
O melhor sentimento que pude sentir
Me enfraquece
Nos olhos dos amigos vi o resultado do que houve
O medo me consome
Já não sinto mais as trevas
Mas quando menos espero as trevas tomam o controle
Estou indefeso agora
Como nunca estive antes
Como vencer isso ainda não sei
Mas tenho esperança pela primeira que isto pode ser vencido
Meu mal interior está desesperado para tomar o controle
Talvez no fundo ele saiba que está perdendo
E esta é sua atitude de desespero
Para tentar reconquistar seu espaço
Me resta apenas esperar
Esperar que meu conflito interior termine
E que a luz vença
E que as trevas para sempre desapareçam

quinta-feira, agosto 24, 2006

How I Feel..........

quarta-feira, agosto 23, 2006

Luz















A decisão na indecisão...O que fazer
quando o certo parece não existir?
Sentir que a corda bamba esta quase
te derrubando qdo esta prestes a cair
no derradeiro instante o equilibrio
resurge.......a brisa batendo na face
gélida qual sepulcro em vida.......
Estradas parecidas, caminhos opostos..
Qual a escolha certa? saberei distinguir?
Estou tonta já nem sei mais dizer,
apenas sinto..as coisas simplesmente
acontecem...curso correndo....folhas
voando.......moinho de vento ..tudo gira
chuva assentando o pó, sol derretendo
a neve ...
Surpreendente a vida cada minuto perdido
traz em si a eternidade...tantas são as
consequências....
A essência do ser.. determinada para
ser boa...trazer paz infinda...
Dificuldades que articulamos para
nós mesmos de forma que é tão
simples resolvê-las...
O amor sublime que existe em todos os seres
Esse algo de divino que embeleza todos
os seres por mais hediondo que sejam...
almas nobres e puras com
consciencias cristalinas...alegria
permanente ...
Ás vezes trazemos tribulações a seres
formidáveis.. tarefa árdua
resgatar nossos delitos...Nós mesmos
como o juiz mais algoz.. não é
possivel mentir nem ter pena injusta.
Mais aos olhos misericordiosos
de algo maior do que nosso entendimento
possa compreender
envia seres excepcionais para
nos resguardar...AMIGOS!
Surpresa balsâmica que nos traz alívio
imediato...ajudam nos mais profundos
ferimentos da alma...
O Escuro e a Luz que não se pode
ofuscar..Seja Lua, Lampião, Raio de Sol
ela sempre estara lá.......exsitiu e sempre
existirá ...E ele viu que a luz era BOA!

segunda-feira, agosto 21, 2006

A Queda

Batalhas perdidas
Sangue derramado
Almas amarguradas
Um homem derrotado

As trevas venceram
O mal prevaleceu
As luzes se extiguiram
E até o amor já padeceu

As lágrimas já correram
Há muito tempo atrás
Os bons sentimentos já morreram
Definhando por tal fome voraz

Coração negro e destruído
E agora acima de tudo dividido
Alma dilacerada e corrompida
Já não mais alcançará a redenção pretendida

A redenção se fora com o vento
A condenação já não assusta
A expiação já não é mais o desejo
Para uma vida resoluta

A pureza da alma se foi
O ópio do homem chegou
A vingança bem fundo se enraizou
No negro abismo do rancor

Apenas pensamentos impuros
Preenchem a mente carcomida
Apenas sonhos de vingança e morte
São o grande motivo de uma vida

Não há mais por que lutar
Mesmo quando ainda estava a tentar
O impuro ser fora há muito tempo
Vencido por si mesmo

Este é o obscuro caminho
Do qual já não há mais volta
Pois muito cedo se enveredou
Na mais pura tragédia humana

Elegia


Corpos ao meu redor é algo normal
Dilacero a alma dos que de mim se aproximam
Sangue em minhas mãos é tentação fatal
Transformo em cadáveres os que de meus poderes duvidam

Cortejo os fracos para lhes dar confiança
Me aproximo dos fortes para usurpar seu poder
E quando os tenho assassino a esperança
E lhes tiro a vontade de continuar a viver

Sou Incubo para mulheres, súcubo para homens
Pobres mortais que confiam em deuses tão nobres
Mas por onde passo, destruo seus totens
E não temo punição divina ou de homens

sexta-feira, agosto 18, 2006

Dante's Prayer









Quando a madeira escura caiu diante de mim E todos os caminhos ficaram repletos Quando padres do orgulho dizem que não há outro caminho Eu cultivo a tristeza da pedra Eu não acredito porque não posso ver Penso que você veio a mim durante a noite Quando a aurora parecia para sempre perdida Você mostrou-me o seu amor na luz das estrelas Lance seus olhos no oceano Lance sua alma para o mar Quando a escura noite parece sem fim Por favor, lembre-se de mim Então a montanha eleva-se diante de mim Pelo vão profundo de desejo Da fonte de perdão Além do gelo e do fogo Lance seus olhos no oceano Lance sua alma para o mar Quando a escura noite parece sem fim Por favor, lembre-se de mim Embora nós partilhemos este humilde caminho, sozinhos Quão frágil é o coração Oh! Dê a estes pés de barro asas para voar Para tocar a face das estrelas Sopre vida dentro deste fraco coração Levante este véu mortal de medo Pegue estas esperanças despedaçadas, gravadas com lágrimas nos ergueremos por sobre esses cuidados terrenos Lance seus olhos no oceano Lance sua alma para o mar Quando a escura noite parece sem fim Por favor, lembre-se de mim Por favor, lembre-se de mim.

Loreena McKennitt

quarta-feira, agosto 16, 2006

Uma Prece

Escrevo estas palavras com alegria
Pois um grande amor conheci
Encontrei em um mundo de sonhos
E por este belo sonho vivi

Talvez de minha viagem não volte
Mas com isto não me preocupo
Pois em meu coração há a certeza
Do maior sentimento do mundo

Conheci um ser por demais belo
E de coração e bondade sem igual
Capaz de ajudar um amigo
Sem esperar retorno vital

Gostei deste ser ao o conhecer
E ao conviver com ela a amei
E ao saber o quanto era forte
Cada momento perto dela me alegrei

Me ajudaste quando eu precisei
Me apoiaste quando eu não mereci
Tornaste minha dor em alegria
Só por saber que ao meu lado a senti

A tristeza que sinto agora
Não é porque ao teu lado não pude estar
Mas sim pela chance que tenho
De seu belo rosto nunca mais contemplar

Pois sonho com tua face a todo instante
E me enche de alegria e paz
Saber que conheci ser tão belo
Que tenho certeza que nunca mais vou encontrar

Quero a agradecer por existir
Por ter dedicado a mim sua amizade
Pois por mais que eu quisesse outra coisa
Me contento com esta simplicidade

Adeus minha amada imortal
As lágrimas já querem rolar
Pois dói muito escrever estas coisas
E saber que não vou mais te encontrar

terça-feira, agosto 15, 2006

Loucura

Nos labirintos da incerteza me encontro novamente. Minha alma agoniza pela dor, pelo vazio que me preenche. Olho para os lados e só vejo trevas. Trevas me cercam por todos os lados. Me sinto perdido, abandonado... Onde está toda minha força? Onde está toda minha arrogância? Escorreu pelos esgotos de uma vida mal vivida... amargurada... Meus sonhos dançam diante de mim, zombando de minha fraqueza... desafiando-me a não prosseguir... eu queria ter essa coragem... de fugir... de deixar para sempre este tormento que consome.... mas sou fraco... sou frágil.... e minha única proteção são os muros que criei em minha volta... eles me protegem.... mas não me deixam sair... sou prisioneiro de mim mesmo... escravo de minha fraqueza... O que me resta? A dor... Grito em agonia, mas percebo que nenhum som sai de minha garganta... Como posso estar gritando então? Talvez seja minha agonizante alma que grite... Uma das poucas coisas que ainda me resta... uma alma humana.... não posso mais continuar... quero descansar... o peso dos anos recai sobre meus ombros... me sinto tão cansado... meu mundo muda tão rápido... não há mais nada com que se apegar... não há mais ninguém... existe apenas o vazio.... e as trevas... as trevas chamam meu nome... o que posso fazer? Estou perdido, sem possibilidade alguma de escapar... o labirinto me confunde... as pessoas me confundem... o que antes para mim foi um dom, hoje é uma maldição... não quero mais a dor, não quero mais sofrer... quero ser livre... mas as trevas jamais me deixarão em paz... não posso ser livre... queria poder amar e ser amado... mas tudo que encontro é egoísmo e decepção... o mundo está louco ou sou apenas eu que enlouqueci e só não me dei conta disso ainda...

Trevas... Trevas
Por que não me deixam em paz?
Trevas... Trevas
Por que tua armadilha é tão sagaz?

Ó coração que só me engana
Por que continua a bater?
Por que não desisti dessa vida insana
E deixa-me em paz para morrer?

Ó sentimentos tão nobres
Afastem-se de mim
Não sou merecedor
Desse sofrimento sem fim

Sonhos... Sonhos
Por que me atormentam?
Por que tendo vindo nesta hora
Só aumentam o meu sofrimento?

Sonhos... Sonhos...
Que outrora já foram meus aliados
Agora voltam todas as noites
Relembrando o meu triste legado
Trevas... Trevas...
Que um dia foram a minha força
Hoje zombam de minha fraqueza
E com orgulho exibem minha desonra

Escolhas foram feitas
Meu passado me alcançou
Minha dor está de volta
E meu rancor me dominou

Não posso mais continuar...
O fim está próximo...

segunda-feira, agosto 14, 2006

Sonhos

Oh minha vida
Está mudando todos os dias
De todas as maneiras possíveis
E oh meus sonhos nunca são exatamente como parecem
Nunca exatamente como parecem

Eu sei que já me senti assim antes
Mas agora eu estou sentindo ainda mais
Porque isso veio de você
E então eu abro os olhos e vejo
A pessoa caída aqui sou eu
Uma maneira diferente de ser

Eu quero mais, impossível ignorar
Impossível ignorar
E eles se tornarão realidade, impossível não se tornarem
Impossível não se tornarem

E agora eu lhe digo abertamente
Você possui meu coração então não me machuque
Você é o que eu não pude encontrar
Uma mente totalmente incrível
Tão compreensiva e tão gentil
Você é tudo pra mim

Oh minha vida
Está mudando todos os dias
De todas as maneiras possíveis
E oh meus sonhos nunca são exatamente como parecem
Porque você é um sonho pra mim, um sonho pra mim

The Cranberries

sexta-feira, agosto 11, 2006

Desespero


Um homem caminha lentamente por um corredor escuro. Ele cambaleia indeciso. Perdido em pensamentos, ele vacila quando vê uma porta ao seu lado. Ele toca a maçaneta e prepara-se para girá-la, quando uma velha ferida em seu peito arde e ele desiste de seu intento. As vozes em sua mente insistem para ele continuar, apesar de sua vontade de jogar-se ao chão e ali apodrecer. Mas ele continua. Com seus passos vacilantes ele encontra outra porta. Esta parece mais atrativa do que a outra e o homem enche-se de coragem e toca a maçaneta. Seu peito dói novamente e ele solta a maçaneta. Seu sentimento agora é de confusão e medo. Mas novamente ele continua. Ele ouve uma música suave e triste que toca profundamente em sua alma. Ele a segue. Encontra uma porta. Ele olha fixamente para a maçaneta e apesar daquela bela música ter tomado completamente sua alma, desta vez ele não a toca. Ele volta-se para o corredor cabisbaixo e continua seu caminho. Agora o corredor já não está mais tão escuro. Uma luz azulada iluminava uma porta ao seu lado. De dentro dela ele podia ouvir risos. Parecia uma festa. Ele olha pesaroso para a porta. Será? Sua já abalada mente se pergunta. Estará atrás desta porta o tesouro que eu mais procuro? Mas ele volta-se para o corredor e continua. O caminho agora está iluminado. Ele consegue ver claramente o corredor, e entristecesse ao ver que não enxerga um fim nele. Ele deixa-se cair ao chão. As lágrimas são espontâneas e ele já nem tenta mais segurá-las. Quantas vezes no passado já não o fizera? Chega de fingir. A dor era forte agora. O peito ardia, era como se estivesse em chamas. Mas sua mente não podia deixá-lo em paz. As vozes repetiam incessantemente: Continue! Continue! O homem levantou-se. Levou horas para conseguir criar forças para dar um passo. Mas o fez.Voltou a caminhar pelo corredor iluminado. Encontrou uma porta simples. Olhou para a maçaneta e a tocou. Não houve dor. Ele girou a maçaneta e lentamente abriu a porta.

Neste momento tudo mudou. O tempo parou. Um sentimento novo preencheu seu ser. Ele estava sentindo uma alegria intensa. Nada poderia tirar aquilo dele. Tudo era novo. Tudo era descoberta. Tudo o preenchia. Ele então se embriagou daquele novo sentimento. Ele se tornou frágil e dependente daquele mundo. As cores, as formas, os aromas o preenchiam. Ele esquecera o corredor, as portas e a dor. Ele esquecera de sua busca e de seu tão almejado tesouro e contentou-se com tão pouco. Ele subia dois degraus em sua alegria, mas caía três em sua consciência. Logo ele tornou-se apenas uma sombra. E quando não havia mais nada para ser sugado daquela pobre alma, a porta se fechou e ele se viu novamente em um corredor escuro.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Mundo perdido...
















Na flor da idade, o ambiente de repressão
As fadas se foram, os encantos se quebraram..
Não foi opção, mas um mundo paralelo
Surgiu nas brumas das dificuldades mais acerbas..
Onde os pensamentos eram livres de culpa,onde as
Coisas mais simples eram as mais belas, não havia
Odiosidades vivídas na realidade, os sonhos eram
Como nuvens diluindo...

Eu não gostaria de lembrar, as lágrimas desciam
em catadupas, não podia permitir viver em um lago
de lamentações.. Um mundo onde as pessoas valorizam
tudo quanto é vil e sentem regozijo em trazer a
infelicidade ao outro.

Esse mundo em que mergulho me faz ver o outro lado,
a bondade do ser, a graça dos defeitos, o coração
repleto de esperança, unificação das forças, perceber
que por mais branda que seja a palavra pode atingir
como abalo sísmico algo que jamais cicatrizará...

Mergulho mais fundo, os problemas ja não importam,as
vitórias são constantes assim como a energia que me
rodeia..toda vez que estou submersa é como se pudesse
expressar sem palavras os mais recônditos sentimentos.
Meu Mundo Não É Aqui...A confiança nas pessoas,
a facilidade em perceber o mau que trazem junto a
esperança de que possa ser diferente dentro de si..
Um misto de sensações o que me fortalece para que o
desespero não me envolva...

Encontrar o que não encontro..como descrever sentimentos?
Sinto as palavras fluirem como sol ardente na face,
Luminosidade e Poder.Afeta diretamente coração e alma,
Não há pq desesperar... O rio que segue em frente
se depara com barreiras que podem ser dissipadas com
força e vontade..Deslizar das pétalas junto ao perfume
das flores..harmonia..cenário da perfeição...

Me sinto novamente com 5 anos de idade,
Inocência Dulcíssima, o bem habitando em mim
tão próximo...vontade de voltar...Coisas que machucaram
já não machucam mais..Sentimento de estar Completo!
Não há raiva,ciúmes,ambição,ódio...
Não há nada que te prenda somente a pura felicidade
no âmago do ser...

O que ocorre comigo?
Não sei, não quero e não vou saber...
Não há obstáculo em pleno vendaval.................




O Pacto

Christopher caminhava pela praia, perdido em pensamentos. Não percebia que a noite avançava rapidamente e uma densa neblina se formava, trazida pela maré.
- Como pôde ser tão insensível, Juliette ? – ele repetia, sem parar e sua voz se perdia em meio à neblina, transformando-a em um eco assustador.
- Eu lhe entreguei o meu amor e você o desprezou – sua voz amargurada refletia o estado de seu espírito.
Christopher continuou caminhando pela praia e logo as ondas já alcançavam seus pés.
As lágrimas escorriam de seus olhos e já não tendo mais forças para caminhar, ele deixou-se cair de joelhos na areia fria e molhada.
- Por que? – gritava e chorava. – Por que eu sobrevivi a aquele maldito naufrágio?
Encostou sua face na areia e as ondas tocavam-na levemente quando a alcançava.
- Apenas para sofrer a dor de um amor não correspondido? – a neblina já o envolvia completamente. – Pai, onde você está? Por que me abandonaste nesta terra estranha e maldita?
As ondas agora alcançavam completamente o corpo de Christopher e o frio noturno o envolveu.
- Quisera eu nunca ter sobrevivido – levantou seus olhos para o céu. – Quisera eu ter morrido com meus pais.
Uma voz ressoou a sua volta.
- Por que busca respostas no céu? – disse a estranha voz. – A resposta a todas as suas perguntas está no mar.
Christopher não deu atenção à voz e continuou olhando para o céu sem estrelas.
- Christopher jamais deixou aquele barco – a voz ressoava. – Ele está no fundo do oceano com seus pais.
- Como assim? – Christopher virou seu rosto e encarou o vazio de onde imaginou que vinha a voz. – Eu estou aqui. Eu sou Christopher.
- E como você pode ter certeza disso? – disse a voz e o vento gelado voltou a soprar violentamente.
- Quem és tu? – Christopher permanecia encarando o vazio. – Quem és tu, que me diz coisas tão loucas?
- Eu sou aquele que te tirou do mar, meu filho – o vazio agora tomava forma. – Naquele seu momento de angústia eu te fiz renascer do profundo oceano. Sua casca mortal ainda jaz naquele barco. Mas o que está aqui agora é fruto de meu poder. Teu espírito renascido e remodelado conforme a perfeição de minha vontade.
- Isto não é possível - disse Christopher. - Eu sobrevivi ao naufrágio. Seja lá quem você for, és um louco.
O vento castigava seu rosto agora, e parte da neblina em sua frente começou a desaparecer. Um homem com o rosto coberto por um capuz permanecia parado à sua frente.
- Jovem Christopher – disse o homem. – Eu lhe observo há muito tempo, desde os dias de sua juventude na Inglaterra. Nada que fizeste escapou de meus olhos.
- Como pode ser? – perguntou Christopher. – Revele-se para que eu possa saber quem és tu. És algum de meus amigos que ficou na minha amada terra?
- Apesar de eu estar ao seu lado o tempo todo – disse o homem. – Você nunca me viu. Mas já sentiu a minha presença diversas vezes.
- Eu devo ter enlouquecido – Christopher encostou sua face na areia e as ondas alcançaram seu rosto, molhando-o por completo.
- Não, meu filho – disse o homem. – Tu não estás louco.
A mão fria do homem tocou o ombro de Christopher.
- Por que choras pela recusa de uma mulher? – o homem ajoelhou-se ao lado de Christopher.
- Porque eu a amo – respondeu Christopher. – E não sou capaz de imaginar a minha vida sem ela.
- Eu tenho um destino glorioso reservado para ti, jovem Christopher – disse o homem. – Tu serás um rei entre os mortais e terá muito mais do que o amor das mulheres.
- E o que pode ser maior do que o amor? – perguntou Christopher.
O homem sorriu.
- O poder, Christopher – o homem levantou-se. – Elas lhe servirão de corpo e alma, mas não terão nenhum poder ou influência sobre ti.
- Não entendo – Christopher permaneceu ajoelhado, mas levantou seu rosto e encarou o homem. – Como isso seria possível?
- Tu terás o poder sobre a alma das mulheres – respondeu o homem. – Elas o seguirão e lhe servirão até a morte, sem que você tenha que fazer nenhum sacrifício por elas.
- Mas eu não quero todas as mulheres – disse Christopher. – Eu amo apenas uma mulher, e seu amor me bastaria.
- E ela o ama? – perguntou o homem.
- Não sei – murmurou Christopher. – Eu não sei.
- Enquanto continuar nesta condição mortal – disse o homem. – Escravo de um sentimento tão vazio e tolo, jamais terá Juliette.
O homem virou-se e caminhando começou a desaparecer na neblina.
- Espere – gritou Christopher. – Você pode fazer com que Juliette me ame?
- Não só ela como todas as outras mulheres – o homem parou e virou-se na direção de Christopher. – E os homens temerão ao ouvir o seu nome.
- Se for para ter Juliette ao meu lado eu faço qualquer coisa – disse Christopher. – O que tenho que fazer?
O homem caminhou lentamente e parou diante de Christopher e estendeu sua mão.
– Tu serás a partir deste momento o meu arauto neste mundo, e apesar de caminhar ao lado dos mortais, jamais será como eles – disse o homem. - Teu coração não mais será tocado pelos sentimentos que te enfraqueciam e os homens e mulheres servirão apenas como um brinquedo para os seus mais sórdidos desígnios. Serás um rei entre os homens. Você aceita o legado que te imponho nesta noite?
- Eu aceito – respondeu Christopher segurando a mão fria que lhe era estendida.A neblina ficou muito mais densa e lobos uivaram nas montanhas naquele momento.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Como vento ...



A afeição em seu modo mais suave, uma forma singular...Quero me sentir longe dos amores mundanos, próximo da luz interiorque me faz sentir como se flutuasse... Desprender-me das coisas que na verdade nunca tiveram valores verdadeiros, possuir bens nunca foi meu ideal...Realizar sonhos, os mais belos eu diria..concretizar a bondade, a exclusao do egoísmode minha vida, ajudar os entes queridosque sentem a mesma dificuldade que eu em viver em um mundo tão propício a desatinos..........]
O amor me parece a saída ideal, gota cristalina puríssima de sentimento............

O Despertar


Hoje eu acordei. Pela primeira vez em cinco anos eu acordei. As trevas que me cercavam e me alimentavam se foram. Estou só. Completamente e inexoravelmente só. Mas não me sinto livre. As trevas espreitam ao meu lado. Não estão comigo, mas não me deixam completamente. Eu olho para trás e não vejo nada. É como se outra pessoa tivesse vivido em meu corpo por cinco anos. Ontem a casca quebrou. Toda minha proteção se foi. Eu chorei. Chorei em desespero. Não me sentia só e abandonado a tanto tempo, que havia me esquecido do gosto amargo que isto tem. Mas agora é tarde. As trevas zombam de mim e não me deixam dormir. Mas também não me deixam acordar por completo. Estou preso em um paradoxo, com o qual já não mais consigo conviver. Peço que as trevas me libertem, mas elas zombam de meu tolo pedido. No fundo de minha mente eu vejo a única saída para minha triste condição. Mas o medo não me deixa por em prática minha tentativa de fuga. Estou preso em um limbo de indecisões, sonolento demais para acordar e desperto demais para conseguir dormir...

Minha vida se foi... Que outra agora comece...

Trevas... Trevas...
Me cerquem, me tomem
Me guiem...
Sou apenas uma ferramenta...

Venham demônios de meu passado...
Venham nefastas criaturas...
Eu aceito este legado...
Que me impõe sob vil tortura...

Não temo mais esta condição
Perdi toda fé que um dia já tive
De bom grado aceito a servidão
Mesmo neste dia tão triste

Falhei comigo mesmo
(será que era eu mesmo?)
Falhei com aqueles que estavam ao meu lado
(Estavam realmente comigo?)
Será que posso vagar ao esmo?
Sem que esteja por fim derrotado?
(isto eu já fui há muito tempo)

A dor agora é minha única certeza
Mas com o tempo ela sumirá
Mas toda bondade de minha alma
Neste dia me deixará

O demônio que em mim habita
Anseia por despertar
E o anjo que outrora eu fui
Está ansioso por descansar

Uma era triste está para começar
(que comece então)
Sofrimento a todos isto vai trazer
(que a danação persiga a todos)
E eu não posso calcular
Que danos em mim isto pode fazer

Não queria que tudo terminasse assim
Eu realmente queria acreditar na redenção
Mas para o demônio que habita em mim
Só pode haver condenação

Trevas... Trevas...
Por que me abandonaram?
Não fui eu um servo fiel?
Não destruí todos que um dia me amaram?

Trevas... Trevas...
Por que ainda zombam de mim?
Sei que sou fraco e me rendi ao amor
Mas quero por em tudo isto um fim

Do amor não quero lembranças
Da dor não quero o pesar
Apenas o ódio e a vingança
Ao meu coração vão retornar

Sou novamente livre dos grilhões humanos
(novamente? algum dia estive livre?)
Posso voltar a ser aquilo que já fui
(não, não posso)
Vejo agora o passar dos anos
(passam tão rápido)
E toda dor que em mim agora flui
(dor terrível que isto me impõe)

Nada mais posso fazer agora
Marionete novamente eu sou
O destino zomba de mim nesta hora
E um terrível encontro comigo marcou

A luz do meu passado me alcançou
E as trevas do meu presente se agitaram
Tinha em minhas mãos a pessoa que me abandonou
Por que não poderia eu ter aproveitado ?

Podia me vingar naquela hora
Trazer todo o sofrimento de volta
Fazê-la se arrepender sem demora
Por ter me causado tamanha revolta

Mas ao vê-la tão frágil e triste
Não pude me aproveitar de sua dor
Mas minha natureza é terrível
E nunca apaga meu rancor

Fiz ela chorar novamente
E sua presença logo se esvairia
Mas minha surpresa se fez neste instante
Pois não senti nem pena e nem alegria

Meu caminho incerto e vazio
Continuou com todo o meu pesar
E agora um novo destino
Eu anseio por alcançar

Novamente me encontro diante do amor
Decisões difíceis terei que tomar
Mas se para o amor tudo é válido
Não receio este desafio ter de enfrentar

Só temo não ter feito a escolha certa

Trevas... Trevas...
Por que estão a me perseguir ?
Se caminhando nesta escura terra
Jurei para sempre lhes servir ?

terça-feira, agosto 08, 2006

Despedida




À minha amada,

Esta despedida assino com sangue
Deixando para mim um triste pesar
Pois lhe agradeço pelo mundo de sonhos
Que por pouco me fez acreditar

Não a culpo por todo o ocorrido
Nem pelo sofrimento vindouro
Nem me culpo por tudo que sinto
Pois senti no amor um grande consolo

Minha natureza maldita assim me fez
Pois outrora por amor já morri
Não será novidade temer
Que por amor novamente vivi

Deixo-lhe estes versos para que se lembre
De um grande amor que tentei te dar
Pois por mais que de minha virtude duvide
Não podes compreender o valor de amar

Sou um demônio de caminhos proscritos
Isto nem o amor pode mudar
Mas sou um anjo comparado ao maldito
Que seu leito irá compartilhar

Mas não usarei mais palavras rudes
Não transformarei despedida em lamento
Pois se para Ter o amor tudo vale
Para mim isto estará a contento

Escrevo, pois logo me vou
Deixarei este mundo com triste pesar
Mas deixo-lhe de minha alma um pedaço
Que nem o mais terrível vilão poderá lhe tirar

Letras perdidas de um tempo incerto
Palavras sonhadas em um sono insano
Tornando um conjunto lembrando a dor
Vindo de um mundo decerto inumano
Este é meu lar, lar sombrio e escuro
Sou filho do nada e ao nada retorno
Onde os sonhos todos se encontram
Mas do tudo me esforço para sentir seu contorno

Aqui se resume tudo que sou
Pranto, ódio, inveja, tormento
Vindo de um mundo repleto de dor
Onde o amor é seu pior pesadelo

Não podes entender o que sinto
Pois o que sinto é maior do que sou
Pois o maior sacrifício para mim
É receber de bom grado o amor que restou

Maldito seja o dia em que o amor conheci
Pois me abrindo para sentimento tão nobre
Não pude mais viver da forma que vivi
E me tornei um ser miserável e pobre

Por amor desafiei meu senhor
Que me entregou seu mais triste legado
E me incumbiu da mais difícil tarefa
Tomar a alma de quem tenho amado

Dilema difícil me colocam agora
Pois tudo perdi neste mundo macabro
Se mato meu amor eu morro na hora
E para sempre contemplarei o meu rosto marcado

Mas se não matar meu amor tão divino
Meu lorde com ela acabará
E me dará terrível incumbência
Que jamais poderei suportar

Assistir a tudo impassivo
Ver minha amada definhar
Este é o pior castigo
Que uma alma que ama pode suportar

Aprendi uma lição terrível de aceitar
Que quando se ama sacrifícios se faz
E a solidão é seu melhor companheiro
Que a noite escura e serena lhe traz

E deixo por fim este triste legado
Que um poeta um dia escreveu
“Que não seja imortal posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure”

De quem te ama mais que a própria vida

Lord Christopher

segunda-feira, agosto 07, 2006

Sacrifício


O vento frio castiga o rosto do jovem. Parado diante da imensidão azul do oceano ele suspira e então reúne toda a sua coragem para continuar o seu plano. Não podia voltar atrás agora. O pequeno bote amarrado ao píer à sua frente ziguezagueava levado pelas fortes ondas. O rapaz pega o galão de combustível e a garrafa. Uma lágrima escorre lentamente e percorrer seu rosto. Uma incerteza enchia seu coração. Mas não havia lugar para incertezas naquele lugar e o rapaz caminhou pelo píer lentamente. Os minutos mais longos de sua vida. O vento uivava assustadoramente, entoando uma triste canção e as ondas castigavam a pequena embarcação. O rapaz, vacilante, desceu a escada de madeira e subiu no barco. As ondas quase o derrubaram. Ele depositou o galão no fundo do barco e desamarrou a corda que mantinha a embarcação presa ao píer. Agora não podia voltar atrás. Segurou os remos e lentamente foi conduzindo o barco entre as ondas. O tempo estava nublado, e as nuvens impediam qualquer vestígio do sol. Aos poucos a praia ia desaparecendo, até que não havia mais nenhum vestígio dela. O rapaz parou de remar, recolheu os remos e cuidadosamente os depositou no fundo do barco. Suspirou profundamente. Retirou do bolso da calça um papel, uma carta... carta de despedida... Ele a abriu cuidadosamente e passou os olhos rapidamente pelas palavras ali escritas. Sem perder mais tempo, pegou a garrafa e depositou dentro dela a carta, selando-a com uma rolha. Em seguida arremessou-a ao mar.
Parte do que tinha que fazer estava feito, agora só faltava o mais difícil. Pegou o galão e começou a derramar o conteúdo sobre si mesmo e sobre o barco. Esvaziou todo o conteúdo.
Levantou-se e de pé no barco recitou uma prece. Rasgou um pedaço de sua camisa e fez um pequeno pavio e pôs fogo. Depositou na extremidade do barco e deitou-se de braços cruzados. A chama percorreu o pavio e logo espalhou-se pelo combustível derramado no barco. Não demorou muito para que atingisse o corpo do rapaz. Ele não moveu um dedo, não emitiu nenhum som enquanto as chamas queimavam por completo o barco. Aos poucos o barco foi sendo engolido pelas ondas até que apenas a fumaça negra subindo aos céus podia ser vista. Ele havia conseguido. Ele enfim estava livre...
Alguns dias depois, um homem caminhava pela praia, quando algo chamou-lhe a atenção.
Semi-enterrada na areia, uma garrafa reluzia e dentro dela parecia haver uma carta...