Um Conto de Natal

A criança corre pela calçada. Apressada nem percebe quando o homem bem alinhado em seu belo terno vem caminhando falando ao celular. O inevitável acontece. Ela esbarra no homem que deixa cair o celular. A criança olha assustada e mal sai de sua boca um pedido de desculpa. O homem balbucia um palavrão e se abaixa para pegar seu celular. Ao lado de seu telefone havia um envelope caído no chão. Era da criança. Ele pega o envelope e olha à volta para entregá-lo, mas a criança já havia desaparecido.
- Droga – reclamou enquanto colocava o envelope no bolso, sem perceber.
André é um homem filho de seu tempo. Não é o que pode se considerar como um homem rico, mas graças à seu esforço alcançou um bom status em sua vida. Tem um bom emprego em uma multinacional. Seu salário não é um dos maiores, mas lhe confere uma vida cheia de regalias. Mora em um bom bairro na emergente grande São Paulo. Poderia ter um carro, mas ainda mantém o estilo de vida de quando era mais jovem. Prefere caminhar à enfrentar o poluído e ruidoso trânsito da metrópole. É uma pessoa comum como quase todos os que o cercam. Assim como seus companheiros de trabalho e roda de amigos, não tem muito tempo para ligações afetivas. Afinal seu trabalho lhe consome quase todo o tempo que possuí. É o que chamamos de um homem bem sucedido. Mas algo falta na vida de André. Nem ele sabe o que é. Mas quando deita-se em sua cama, ao início da madrugada, sente que algo lhe falta. Sente uma tristeza tão profunda, que às vezes lhe arranca lágrimas dos olhos. Mas no mundo em que vive não há tempo para este tipo de trivialidades.
Quando André chegou em seu apartamento naquela noite, achou que tudo seria como sempre. Sua bela rotina seria mantida. Sentou-se em seu confortável sofá. Ligou sua tv. Então sem querer colocou a mão no bolso e encontrou aquele envelope.
- O que é isso? – havia se esquecido completamente daquela criança apressada. Pegou o envelope. Jogaria no lixo naquele momento, mas algo lhe chamou a atenção. O destinatário era um tanto quanto incomum. A carta estava endereçada para o Papai Noel.
Sua primeira reação foi rir daquilo. Depois coçou a cabeça, enfim jogou a carta em cima de sua mesa de centro e seguiu seus afazeres. Tomou banhou, jantou, mas aquela carta não saía de sua mente. Enfim, não resistiu mais a sua própria curiosidade e pegou a carta. Sentou-se e com o máximo de cuidado abriu a carta.
“Querido Papai Noel,
Sei que anda ocupado por estes dias, afinal existem muitas crianças no mundo para dar presentes, mas eu queria lhe fazer um pedido.
Sei que eu não fui uma criança comportada neste ano e por isso não quero que traga nenhum presente pra mim.
Sabe, é bom saber que existe alguém como o senhor que se preocupa nesta época do ano em dar algo pras pessoas. Eu lembro no ano passado, como o João ficou feliz com a bicicleta que o senhor trouxe para ele. Eu tinha pedido uma também, mas sei que o senhor sabe o que faz e com certeza a minha não veio por que eu não fiz por merecer. Mas não tem problema, pois o importante é que o João ganhou a dele e como eu fiquei feliz por isso. A Ana também ganhou a boneca que ela tanto queria, ai eu vi como o senhor é bondoso, ninguém daria nada para a Ana, ela às vezes é tão chata e tão má com as pessoas, mas o senhor mesmo assim quis realizar um sonho pra ela. Eu fiquei um pouco triste, por que minha irmãzinha não ganhou a boneca que ela queria. Ela estava com tanta esperança. Eu teria feito qualquer coisa para que ela não ficasse com aquela carinha triste. Ninguém devia ficar triste no natal. Mas sei que o senhor sabe disso.
Ontem ouvi mamãe chorando muito no quarto e fui espiar. Não entendi muito bem por que ela estava tão triste, mas vi que ela tinha lido uma carta. Tentei consolá-la, mas nunca sei o que dizer. Às vezes eu sou muito burro, eu queria ser diferente, mas não consigo. Hoje de manhã ouvi minha mãe conversando com um vizinho, dizendo que minha irmãzinha estava doente. Por que as pessoas ficam doente? Será que é por que fazemos alguma travessura? Será que é por que não nos comportamos direito? Mas tenho certeza que ela vai ficar bem, mas ouvi mamãe dizer que ela vai ter que ir pro hospital e ficará um tempo lá. Eu gosto muito dela, Papai Noel, por isso não queria ver seu rosto triste este ano. Sei que outras crianças devem merecer um presente mais do que ela, mas este é o pedido que eu queria lhe fazer. Traga a boneca que ela tanto quer, e eu prometo ser uma criança comportada sempre, e nem precisa trazer presentes para mim, pode dá-los às outras crianças que merecem mais do que eu.
Com carinho,
Beijos,
Tiago”
André terminou de ler a carta. Colocou-a sobre a mesa. Havia uma inocência ali impressa que ele não via desde a sua tenra juventude. Perguntas começaram a assaltar sua mente. Quantos anos teria aquela criança que escrevera aquela carta. Será que ele realmente acreditava que a carta chegaria até o Papai Noel? Nesse momento ele se deu conta de algo. Faltava dois dias para o Natal. Fazia anos que ele não se importava com esta data. Com seu significado. Estava alheio a tudo isso. Mas ao ler aquela carta, foi como seu fosse arrancado de seu mundo e jogado em outro. Um mundo de sentimentos, onde uma criança ainda conservava aquela inocência e a vontade de ver alguém sorrir. Não um mundo egoísta, onde cada um só se preocupa consigo mesmo. Mas um mundo maior.
Pegou o envelope e procurou um remetente. Havia um nome e um endereço. Um bairro pobre. Muito pobre. André queria poder ignorar aquela carta. Mas não podia. Havia algo dentro de si que se contorcia. Precisava fazer algo. Tentou dormir, ma foi em vão. Virava de um lado para o outro, pensando no rosto triste daquela pobre criança esperando uma figura que não existe chegar com um presente.
A manhã chegou. E com ela novas dúvidas e incertezas. Mas André sabia o que tinha que fazer. Antes mal se preocupava com os outros. Mas agora aquela carta havia lhe tocado. Lhe trouxera de volta um sentimento que achava que não existia mais dentro de si: compaixão.
Aproveitou para tirar o dia de folga, afinal era véspera de natal. Foi até uma loja de brinquedos, e procurou uma boneca que pudesse ser o mais próximo do que a pequena irmã do Tiago queria ganhar. Pediu para embrulhar para presente. Agora precisava levar até a casa deles. Pegou um táxi. A corrida era longa, mas não importava. Ele sentia uma alegria imensa e ao mesmo tempo um certo temor daquela situação.
Algum tempo depois estava em frente a casa. Se é que poderia se chamar aquilo de casa. Era um pequeno cômodo, que mal abrigaria uma pessoa, quanto mais uma família. Mas havia ali um clima festivo. Pendurado na porta havia um arranjo simples natalino, já velho e quase sem cor alguma. André viu uma senhora em uma casa ao lado.
- Por favor, é nesta casa que mora uma criança chamada Tiago? – perguntou.
- É sim, seu dotor. – respondeu a senhora, olhando com desconfiança. – O que este moleque aprontou?
- Nada demais, minha senhora – respondeu André com um sorriso.
Parou diante da porta e depositou o embrulho ali, bateu na porta e afastou-se para observar a cena. Não estava preparado para encarar os olhos daquela criança.
Pouco tempo depois a porta se abriu e o menino que aparentava nove anos de idade saiu pela porta, olhou com desconfiança para os lados, e então viu o embrulho. Seu grito foi de felicidade misturado com susto. Pegou o presente e entrou correndo.
André caminhou até o que parecia ser uma janela e tentou observar o que acontecia dentro da casa. Ele viu então o pequeno Tiago correr com o presente nas mãos e gritando pelo nome de sua irmã.
- Maria – gritava – O Papai Noel lembrou de você este ano, não precisa ficar triste.
A menina estava deitada em uma cama improvisada, mas ao ouvir isso levantou-se em um salto. Seus olhos brilhavam. Era uma menina linda, aparentava ter seus sete anos. Mas parecia bem fraca. Tiago entregou o embrulho para ela. As lágrimas nos olhos da menina escorriam sem parar. Ela abriu o presente e abraçou a boneca com tanta força, que parecia que ia quebrá-la.
- Eu te falei, Maria – Thiago passava a mão na cabeça da irmã. – Você não precisava perder as esperanças. O Papai Noel olha por todas as crianças.
Ao fundo da cena, André viu a mãe olhando para as crianças. Era uma mulher jovem, mas já com marcas da velhice precoce.
Neste momento André se perguntou se eles tinham algo para comer ali. Se eles teriam uma ceia de natal. Sem pensar duas vezes, voltou até o táxi e saiu para comprar algo. Naquela hora da véspera de natal foi muito difícil encontrar algo, mas André não desistiu, estava decidido a fazer algo por aquela família. Depois de muito procurar, comprou algumas coisas que julgava ser importante para uma ceia e voltou para aquela casa.
Já havia anoitecido. Sentado na frente da casa estava o pequeno Tiago, com a boneca de sua irmã nas mãos. Ele chorava baixinho. Algo estava errado. Havia uma ambulância ao lado da casa, e um homem vestido de branco, possivelmente um enfermeiro conversava com a mãe do menino. André aproximou-se.
- Sinto muito minha senhora – dizia o rapaz. – Teremos que levá-la para acompanhar o corpo. A menina não sobreviveu.
A mulher chorava muito e entrou na ambulância. Logo a ambulância desapareceu na noite escura.
Tiago permanecia sentado na frente da casa, abraçado a boneca.
André aproximou-se e sentou ao lado do menino. Sem que ele esperasse, o menino olhou para ele e o abraçou. Suas lágrimas saíram sem parar.
- Ela foi para o céu – disse soluçando. – O Papai Noel sabia. Por isto trouxe o presente. Ela estava feliz.
André não se conteve e começou a chorar também.
- Droga – reclamou enquanto colocava o envelope no bolso, sem perceber.
André é um homem filho de seu tempo. Não é o que pode se considerar como um homem rico, mas graças à seu esforço alcançou um bom status em sua vida. Tem um bom emprego em uma multinacional. Seu salário não é um dos maiores, mas lhe confere uma vida cheia de regalias. Mora em um bom bairro na emergente grande São Paulo. Poderia ter um carro, mas ainda mantém o estilo de vida de quando era mais jovem. Prefere caminhar à enfrentar o poluído e ruidoso trânsito da metrópole. É uma pessoa comum como quase todos os que o cercam. Assim como seus companheiros de trabalho e roda de amigos, não tem muito tempo para ligações afetivas. Afinal seu trabalho lhe consome quase todo o tempo que possuí. É o que chamamos de um homem bem sucedido. Mas algo falta na vida de André. Nem ele sabe o que é. Mas quando deita-se em sua cama, ao início da madrugada, sente que algo lhe falta. Sente uma tristeza tão profunda, que às vezes lhe arranca lágrimas dos olhos. Mas no mundo em que vive não há tempo para este tipo de trivialidades.
Quando André chegou em seu apartamento naquela noite, achou que tudo seria como sempre. Sua bela rotina seria mantida. Sentou-se em seu confortável sofá. Ligou sua tv. Então sem querer colocou a mão no bolso e encontrou aquele envelope.
- O que é isso? – havia se esquecido completamente daquela criança apressada. Pegou o envelope. Jogaria no lixo naquele momento, mas algo lhe chamou a atenção. O destinatário era um tanto quanto incomum. A carta estava endereçada para o Papai Noel.
Sua primeira reação foi rir daquilo. Depois coçou a cabeça, enfim jogou a carta em cima de sua mesa de centro e seguiu seus afazeres. Tomou banhou, jantou, mas aquela carta não saía de sua mente. Enfim, não resistiu mais a sua própria curiosidade e pegou a carta. Sentou-se e com o máximo de cuidado abriu a carta.
“Querido Papai Noel,
Sei que anda ocupado por estes dias, afinal existem muitas crianças no mundo para dar presentes, mas eu queria lhe fazer um pedido.
Sei que eu não fui uma criança comportada neste ano e por isso não quero que traga nenhum presente pra mim.
Sabe, é bom saber que existe alguém como o senhor que se preocupa nesta época do ano em dar algo pras pessoas. Eu lembro no ano passado, como o João ficou feliz com a bicicleta que o senhor trouxe para ele. Eu tinha pedido uma também, mas sei que o senhor sabe o que faz e com certeza a minha não veio por que eu não fiz por merecer. Mas não tem problema, pois o importante é que o João ganhou a dele e como eu fiquei feliz por isso. A Ana também ganhou a boneca que ela tanto queria, ai eu vi como o senhor é bondoso, ninguém daria nada para a Ana, ela às vezes é tão chata e tão má com as pessoas, mas o senhor mesmo assim quis realizar um sonho pra ela. Eu fiquei um pouco triste, por que minha irmãzinha não ganhou a boneca que ela queria. Ela estava com tanta esperança. Eu teria feito qualquer coisa para que ela não ficasse com aquela carinha triste. Ninguém devia ficar triste no natal. Mas sei que o senhor sabe disso.
Ontem ouvi mamãe chorando muito no quarto e fui espiar. Não entendi muito bem por que ela estava tão triste, mas vi que ela tinha lido uma carta. Tentei consolá-la, mas nunca sei o que dizer. Às vezes eu sou muito burro, eu queria ser diferente, mas não consigo. Hoje de manhã ouvi minha mãe conversando com um vizinho, dizendo que minha irmãzinha estava doente. Por que as pessoas ficam doente? Será que é por que fazemos alguma travessura? Será que é por que não nos comportamos direito? Mas tenho certeza que ela vai ficar bem, mas ouvi mamãe dizer que ela vai ter que ir pro hospital e ficará um tempo lá. Eu gosto muito dela, Papai Noel, por isso não queria ver seu rosto triste este ano. Sei que outras crianças devem merecer um presente mais do que ela, mas este é o pedido que eu queria lhe fazer. Traga a boneca que ela tanto quer, e eu prometo ser uma criança comportada sempre, e nem precisa trazer presentes para mim, pode dá-los às outras crianças que merecem mais do que eu.
Com carinho,
Beijos,
Tiago”
André terminou de ler a carta. Colocou-a sobre a mesa. Havia uma inocência ali impressa que ele não via desde a sua tenra juventude. Perguntas começaram a assaltar sua mente. Quantos anos teria aquela criança que escrevera aquela carta. Será que ele realmente acreditava que a carta chegaria até o Papai Noel? Nesse momento ele se deu conta de algo. Faltava dois dias para o Natal. Fazia anos que ele não se importava com esta data. Com seu significado. Estava alheio a tudo isso. Mas ao ler aquela carta, foi como seu fosse arrancado de seu mundo e jogado em outro. Um mundo de sentimentos, onde uma criança ainda conservava aquela inocência e a vontade de ver alguém sorrir. Não um mundo egoísta, onde cada um só se preocupa consigo mesmo. Mas um mundo maior.
Pegou o envelope e procurou um remetente. Havia um nome e um endereço. Um bairro pobre. Muito pobre. André queria poder ignorar aquela carta. Mas não podia. Havia algo dentro de si que se contorcia. Precisava fazer algo. Tentou dormir, ma foi em vão. Virava de um lado para o outro, pensando no rosto triste daquela pobre criança esperando uma figura que não existe chegar com um presente.
A manhã chegou. E com ela novas dúvidas e incertezas. Mas André sabia o que tinha que fazer. Antes mal se preocupava com os outros. Mas agora aquela carta havia lhe tocado. Lhe trouxera de volta um sentimento que achava que não existia mais dentro de si: compaixão.
Aproveitou para tirar o dia de folga, afinal era véspera de natal. Foi até uma loja de brinquedos, e procurou uma boneca que pudesse ser o mais próximo do que a pequena irmã do Tiago queria ganhar. Pediu para embrulhar para presente. Agora precisava levar até a casa deles. Pegou um táxi. A corrida era longa, mas não importava. Ele sentia uma alegria imensa e ao mesmo tempo um certo temor daquela situação.
Algum tempo depois estava em frente a casa. Se é que poderia se chamar aquilo de casa. Era um pequeno cômodo, que mal abrigaria uma pessoa, quanto mais uma família. Mas havia ali um clima festivo. Pendurado na porta havia um arranjo simples natalino, já velho e quase sem cor alguma. André viu uma senhora em uma casa ao lado.
- Por favor, é nesta casa que mora uma criança chamada Tiago? – perguntou.
- É sim, seu dotor. – respondeu a senhora, olhando com desconfiança. – O que este moleque aprontou?
- Nada demais, minha senhora – respondeu André com um sorriso.
Parou diante da porta e depositou o embrulho ali, bateu na porta e afastou-se para observar a cena. Não estava preparado para encarar os olhos daquela criança.
Pouco tempo depois a porta se abriu e o menino que aparentava nove anos de idade saiu pela porta, olhou com desconfiança para os lados, e então viu o embrulho. Seu grito foi de felicidade misturado com susto. Pegou o presente e entrou correndo.
André caminhou até o que parecia ser uma janela e tentou observar o que acontecia dentro da casa. Ele viu então o pequeno Tiago correr com o presente nas mãos e gritando pelo nome de sua irmã.
- Maria – gritava – O Papai Noel lembrou de você este ano, não precisa ficar triste.
A menina estava deitada em uma cama improvisada, mas ao ouvir isso levantou-se em um salto. Seus olhos brilhavam. Era uma menina linda, aparentava ter seus sete anos. Mas parecia bem fraca. Tiago entregou o embrulho para ela. As lágrimas nos olhos da menina escorriam sem parar. Ela abriu o presente e abraçou a boneca com tanta força, que parecia que ia quebrá-la.
- Eu te falei, Maria – Thiago passava a mão na cabeça da irmã. – Você não precisava perder as esperanças. O Papai Noel olha por todas as crianças.
Ao fundo da cena, André viu a mãe olhando para as crianças. Era uma mulher jovem, mas já com marcas da velhice precoce.
Neste momento André se perguntou se eles tinham algo para comer ali. Se eles teriam uma ceia de natal. Sem pensar duas vezes, voltou até o táxi e saiu para comprar algo. Naquela hora da véspera de natal foi muito difícil encontrar algo, mas André não desistiu, estava decidido a fazer algo por aquela família. Depois de muito procurar, comprou algumas coisas que julgava ser importante para uma ceia e voltou para aquela casa.
Já havia anoitecido. Sentado na frente da casa estava o pequeno Tiago, com a boneca de sua irmã nas mãos. Ele chorava baixinho. Algo estava errado. Havia uma ambulância ao lado da casa, e um homem vestido de branco, possivelmente um enfermeiro conversava com a mãe do menino. André aproximou-se.
- Sinto muito minha senhora – dizia o rapaz. – Teremos que levá-la para acompanhar o corpo. A menina não sobreviveu.
A mulher chorava muito e entrou na ambulância. Logo a ambulância desapareceu na noite escura.
Tiago permanecia sentado na frente da casa, abraçado a boneca.
André aproximou-se e sentou ao lado do menino. Sem que ele esperasse, o menino olhou para ele e o abraçou. Suas lágrimas saíram sem parar.
- Ela foi para o céu – disse soluçando. – O Papai Noel sabia. Por isto trouxe o presente. Ela estava feliz.
André não se conteve e começou a chorar também.