sexta-feira, janeiro 26, 2007

Redenção

Sua cabeça ainda girava um pouco. Tudo acontecera tão rápido que ela nem se dera conta. “Que lugar é esse? O que aconteceu comigo?” Ela olhava para os lados procurando algo ou alguém, mas nada havia ali. Apenas o silêncio reinava naquele lugar. Lentamente ela caminhou em frente. Ou para o lado, ou para trás. Ela já não tinha certeza. Aquele lugar parecia desafiar qualquer lei do espaço-tempo. Aos poucos sua memória foi voltando. Ela se lembrou de um quarto. Pessoas passando apressadamente de um lado para o outro. Pessoas com roupas brancas. Uma pessoa. Havia alguém lá também. Mas ela não conseguia se lembrar. O rosto não estava muito nítido. Mas ela se lembra da tristeza que transparecia naquele rosto. Seu peito começou a doer. “Um infarto”. Ela pensou. A dor diminuiu e por fim desapareceu. Ela começara a se dar conta da verdade. “Eu tive um infarto”. Ela olhou para os lados procurando alguém. “Onde estão todos? Por que ninguém me diz nada?”. Ela sentiu-se cansada e sentou-se naquele estranho lugar sem forma. Aos poucos o cansaço foi tomando conta completamente dela e por fim caiu em um tranqüilo sono.
O cheiro de flores a despertou de seu sono. “Nossa, há quanto tempo eu não tinha um sono tão tranqüilo”. Ela levantou-se. Seus pés pisaram em uma grama macia. Ela assustou-se. “Que lugar é esse?” Ao longe, algumas crianças brincavam descontraídas e suas risadas tomavam conta do lugar. Aquela alegria chamou sua atenção e antes que se desse conta já estava caminhando na direção daquela alegria.
Perto das crianças, um jovem descansava deitado na grama. Ela aproximou dele. “Que lugar é esse?”. Ele apenas sorriu e continuou deitado sem nada dizer. Ela sentou-se ao lado dele. “Eu queria saber por que eu estou aqui. Estava em um quarto e de repente me vi nesse lugar”. O jovem sentou-se na grama. Tocou levemente no ombro dela. “Você deixou aquele mundo para trás. Você agora é livre daquela condição que te prendia”. Ela assustou-se com aquelas palavras. Apesar de tudo, era uma pessoa simples e não conseguia compreender bem o que estava acontecendo. “O que quer dizer com ser livre?” Ele sorriu. “Você deixou seu corpo e toda sua dor para trás. Você está em um lugar melhor agora”. Ela olhou para os lados. Olhou para o jovem e depois para as crianças. “Eu não entendo. Eu morri?” O jovem sorriu. “Temo que eu tenho que dizer que sim. Para aquele mundo que você estava acostumada você morreu”. Ela levou sua mão ao peito, mas ele não mais estava doendo. Conforme ela ia entendendo sua nova condição, algo ia mudando nela. Aos poucos sua memória foi voltando. Sua vida naquele “mundo” foi voltando à sua memória. Seus atos. Suas dores. Seus sofrimentos. Suas alegrias. As lágrimas começaram a correr de seu rosto espontaneamente. “Este lugar é o Paraíso?” O jovem levantou-se e olhou a sua volta. “Para mim isso é um paraíso. Isso eu devo concordar.” Ela levantou-se também. Seu rosto ainda estava molhado com as lágrimas. “Este não é meu lugar. Eu não mereço estar aqui. Fiz tantas coisas da qual não me orgulho. Este não é meu lugar”. O jovem tocou seu ombro. “Minha criança, você foi apenas uma pessoa como qualquer outra. Fruto de seu meio. Viveu na pobreza. Perdeu mais do que ganhou. Sofreu mais do que deveria. Por que aqui não haveria de ser seu lugar?” Ela encarou aqueles olhos que brilhavam intensamente. “Mas eu fiz pessoas sofrerem. Cheguei até a enganar e roubar. Minhas mãos estão sujas.” O jovem sorriu “Você era uma criança em meio aos lobos, e apesar de todo o seu sofrimento, havia espaço em seu coração para ajudar. As pessoas só lembram de atos ruins, e quase nunca percebem os bons atos. Sua dor e seu sofrimento ficaram para trás. Este é o seu lugar. Para as almas simples que como a sua depois de uma vida de tormentos e sofrimentos merecem a redenção.”
Ela olhou para frente onde as crianças brincavam, e a alegria daquele momento encheu seu coração. Ela havia entendido. E pela primeira vez depois de muito tempo, ela sorriu. Um sorriso verdadeiro e sincero.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Definhando...


Ele estava acabado. Sua força se esvaíra completamente. Passava a maior parte do tempo no castelo agora semi-abandonado. Ali ele sonhava com ela. Sonhava com seu retorno. Olhava para porta, e ficava imaginando ver novamente aqueles olhos cruzando com os seus. Ouvir aquela suave voz. Sentir aquele perfume que entorpecia sua alma.
- Mestre Christopher – disse o criado, o único que não fora embora, talvez seu mais fiel amigo. – Deve se animar. Faz dias que não sai deste aposento.
- Por que eu sairia? – disse o melancólico Christopher. – Ela não está mais lá fora. Ela desapareceu por completo.
- Quer que eu continue procurando por ela? – perguntou o criado.
- É inútil – murmurou Christopher. – Ela está fora de nosso alcance. Para sempre.
- Me preocupa vê-lo dessa forma – disse o criado. – O senhor não pode se entregar.
- Você não entende não é? – Christopher levantou-se. – Estou acabado. Eu cometi o maior erro que eu poderia ter cometido, e agora terei que pagar por isso.
- Mas que erro foi esse? – perguntou o criado.
Christopher caminhou até a janela e ficou observando a praia.
- Eu me apaixonei, meu caro – Christopher suspirou. – Me apaixonei perdidamente e por isso desafiei meu Senhor. Aquele que nos trouxe de volta à vida.
O criado ficou cabisbaixo.
- Eu sei que não gosta que eu toque nesse assunto – disse Christopher. – Mas eu preciso lhe dizer algo.
- Estou aqui para servi-lo, senhor – disse o criado, ainda demonstrando um certo incômodo com aquela conversa.
- Não seja tão frio – disse Christopher. – És o único amigo que ainda tenho. Não precisa de formalidades.
- Como o senhor desejar – disse o criado.
Christopher sacudiu a cabeça.
- Meu tempo aqui está acabando – disse. – Em breve vou deixar este mundo.
- Como assim? – perguntou o criado. – Você não pode morrer. Não ainda.
- É tarde demais para mim – disse Christopher. – Aquele a quem eu chamo de pai, já reivindicou minha alma.
- Não diga tolices – o criado parecia perturbado com aquelas palavras. – Sua alma não pertence a demônio nenhum.
Christopher sorriu. Um sorriso quase apático.
- Quisera eu que suas palavras fossem verdadeiras – disse. – Mas a realidade está bem longe disso.
- Eu não posso aceitar isso – disse o criado indignado. – Apenas Deus pode reivindicar almas para si.
- Não discutirei isso com você, meu amigo – disse Christopher. – Preciso que faça algo por mim.
- Seu desejo é uma ordem, senhor – disse o criado.
- Quero que prepare a escritura dessa propriedade – disse Christopher – Para doá-la para a Igreja.
- Como assim? – o criado parecia confuso. – E para onde o senhor irá?
- Devo voltar para o lugar de onde jamais deveria ter saído – murmurou Christopher. – Agora vá. Por favor não perca mais tempo.
- Está bem – e o criado deixou a sala.
Christopher sentou-se. Uma estranha calma preencheu seu espírito. Ele sentia que seu fim estava próximo. Levaria consigo para sempre a lembrança de um anjo. Um anjo que ele maltratara e deixara que fugisse. Mas um anjo que o transformou por completo. Ele encararia sua punição com orgulho. Podia ter cometido muitos pecados. Mas nessa vida ingrata conhecera o amor. E disso ele jamais se esqueceria. E nem mesmo o pior castigo no Inferno poderia apagar esse sentimento de seu coração. Ele estava pronto para morrer...

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Escolhas

Caminho escuro
Vida vazia
Decisões não tomadas
Esperanças perdidas

Sentimentos escravos
De escolhas malditas
Seres humanos fadados
À uma morte sofrida

No inferno um alento
Que a vida não deu
Na Terra uma alma
Que Deus esqueceu

A bondade se foi
A maldade ficou
A alegria morreu
E a tristeza venceu

O amor feneceu
O ardor se acalmou
O sabor se perdeu
O desejo findou

Pra este sentimento tão tolo
Que mal acabara de nascer
Veio encontrar nesta hora
Uma boa razão pra morrer

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Caminho
















ENTRE AS COISAS QUE ERREI
A VIDA QUE FLUI..

O EXPLÊNDIDO QUE TUDO TEM
TUDO PODE POR A PERDER..

ONDE ACERTAR ONDE ERRAR
SR DE MIM O QUE FAZER?
DÚVIDAS SEMPRE
IRÃO PAIRAR ..

NESTE MUNDO, ENTRE NÓS
FORÇA QUE MOVE
TUDO..
PRECISAVA VER, SENTIR
E SEI TAMBÉM QUE ELA EXISTE
EM MIM...

NÃO POSSO SUFOCAR MINHA ESSÊNCIA
DEIXAR DOMINAR-ME ..

ONDE ENCONTRAR O CAMINHO
LIBERTAR-SE DOS PESARES
CULTUADOS DIA-A-DIA
SENTIR-SE LIVRE COMO VENTO
A CORRENTEZA DO RIO..
NUNCA PARAR..

A MINHA BUSCA DO INFINDO
SERÁ MESMO A JORNADA TRAÇADA?
AS PROVAS QUE SUPEREI
AS Á SUPERAR..

ÁS VEZES DOE TANTO
COMPREENDER ONDE ESTÃO AS RESPOSTAS
ATOS INCERTOS QUE SÃO TÃO CERTOS..

DO DESATINO Á LUZ...
VERSOS LÍMPIDOS DO POETA..
VONTADE DAS BOAS PESSOAS..
TÃO LONGO QUAL REALMENTE
SERÁ SEU CAMINHO..
AO MENOS FOI DESPERTO_
AMOR ENTRE TODAS AS COISAS..