Embriaguez
A bebida embriaga a mente e a música entorpece os sentidos. Antes que me dou conta já estou envolvido mais uma vez. Caminho com rumo certo. A noite é minha companheira novamente. O sentimento de antes por um instante é abafado e desaparece. Quando me dou conta já não estou mais só. Sorrisos, carícias, olhares. Tudo é envolvente e prazeroso. Aos poucos a razão esvai. Instintos antigos tomam as rédeas. Não tenho mais controle sobre minhas ações. Uma dança antiga toma o lugar de toda a insegurança e receio. Mesmo a ansiedade companheira de todas as noites se esvai por um instante. Almas se tocam, usando seus corpos apenas como um instrumento para alcançar a plenitude. E no ápice entrelaçado todas as dúvidas desaparecem.
Mas tão rápida quanto veio, a emoção se vai. A razão retorna. O medo e receio encontram morada novamente. Eu me entrego ao sono, na esperança que ele possa trazer alento.
A madrugada avança. Eu acordo. De sobressalto eu noto aquele corpo entregue ao sono ao meu lado. Não a reconheço. Não a sinto conectada a mim. Me lembro do que ficou para trás. O desespero toma conta. A madrugada se revela cruel mais uma vez. Eu suspiro e fecho os olhos, na esperança de ser apenas mais um pesadelo. Mas é tarde demais. O sono se foi. Agora só me resta aguardar o amanhecer.