Sozinho
Um velho sentimento voltou. Uma dor angustiante tomou conta. Como um soco na boca do estômago, só que vindo de um atacante invisível. Me sinto impotente. Não consigo sequer enxergar de onde veio, e não posso revidar. Ou consigo e não quero? O medo já me conduziu por muito tempo. Não quero mais sentir medo. Mas posso evitar? O medo não é parte de nós, assim como a carne recobre todo nosso corpo? O que seríamos sem medo? Realmente sentiríamos? Realmente viveríamos? Não sei. O que sei nesse momento é que está doendo. E me sinto sozinho. Completamente e inexoravelmente sozinho. Olho para os lados e só vejo precipícios. Olho para cima, e o abismo me encara. Fecho os olhos e só vejo caos e abandono. Não posso evitar, já tentei. O que sou é mais forte do que o que eu gostaria de ser. Não posso mudar. Já tentei, acreditei, me esforcei e falhei. Sou fruto de uma história escrita por mãos tortas e sonhada por uma mente insana. Só posso tentar. Tentar ser melhor do que fui. Só posso aceitar, que em um mundo estranho jamais vou me encaixar.
Não importa... Já conheço esse sentimento... Já fui e voltei muitas vezes desse lugar... Já o conheço melhor do que conheço a minha dor. Porque a dor e esse sentimento sempre estiveram juntos. A ilusão me fez crer que não era real, mas é. Agora só me resta aprender novamente a viver nesse mundo sozinho.