Desabafo
A cada dia que se passa ainda me pergunto que tipo de pessoas estamos nos tornando...
A cada segundo ainda me questiono, será que esquecemos o que significa ser humano?
Caminho pelas ruas e busco nos olhares perdidos que vagam noite e dia, sentimentos antigos como compaixão, amor, compreensão e respeito. Mas não encontro mais com tanta facilidade como encontrei no passado. Será que os corações estão esfriando com o passar dos anos? Ou será que sou eu que estou perdendo minha ingenuidade?
Mais triste do que ser odiado é ser ignorado...
Seres invisíveis povoam nossas cidades...
Seres que tem corpo, alma e espírito... Sentimentos... Sonhos... Dores... Mas que fingimos que são apenas parte da paisagem....
Será que não é possível mais encontrar nos homens um pouco de compaixão? Como é possível virarmos nossos rostos e fingir que isto não está acontecendo?
Não só fingimos que não existem, como nos calamos diante das injustiças que ocorrem com eles.
Seres invisíveis... ignorados... odiados... desprezados...
Seres que um dia foram visíveis como nós, mas que um dia perderam algo, e não conseguiram mais encontrar...
Que fique a lembrança que todos estamos sujeitos a também perder e um dia também nos tornar invisíveis.
Torço apenas para que nossa sociedade desperte e volte a cultivar um pouco de amor nos corações, pois só assim todos um dia poderão se encontrar novamente, e estes seres invísiveis reencontrem suas asas e possam novamente voar.
Quantos filhos esperaram a chegada de seus pais
Tantos deles não vieram Não chegaram nunca
A calçada não é casa, não é lar Não é nada
Nada mais do que um caminho que se passa
Tão estranho pra quem fica... pra quem fica
As palavras no asfalto, nessa vida são tão duras
O carinho não consola mas apenas alivia
A calçada não é cama Não é berço Não é nada
Nada mais nos faz humanos sem afeto
E o medo é um abraço tão distante de quem fica
Onde vai? Nós estamos de passagem
Onde vai? Onde a rua nos abriga
Onde vai? Estamos sempre de partida
Onde vai? Onde a rua nos abriga desse frio
As pessoas que se enrolam nos jornais não são mais notícia
Elas não esperam de um papel de duas cores mais que um pouco decalor
A calçada não é pai Não é mãe Não é nada
Nada mais do que um abrigo, um refúgio
Tão estranho pra quem passa... Pra quem passa