quarta-feira, junho 20, 2007

Condenação - Parte 2


Passaram-se dias, meses, anos. A cena repetia-se todo o tempo. Pouco a pouco, sua alma foi se enfraquecendo, até que pouco sobrara de toda sua força e vitalidade. Preso à aqueles correntes, restava pouco mais que um farrapo humano. Até as lágrimas já haviam secado. Seus gritos de terror já não ecoavam mais. Ele estava destruído...
Então como que por encanto as correntes deixaram seu pulso e desapareceram na areia vermelha. Christopher estava livre. Ele esforçou-se para dar o primeiro passo. Suas pernas tremiam. Olhou para os lados. Estava sozinho de novo. Começou a caminhar pela planície. A vastidão vermelha se estendia por quilômetros, e por mais que ele se esforçasse, não conseguia enxergar nada além de areia vermelha. Ele andou por dias. Não sentia fome ou sede, apenas uma compulsão por sair daquele lugar. E quando achava que estava perdido para sempre, ele viu ao longe a enorme torre de prata. Seus olhos não o estavam enganando. Havia uma cidade ao longe.
Não demorou muito e Christopher alcançou os portões da cidade. Bateu com força na madeira. O portão abriu-se no mesmo instante.
- Quem vem lá? – perguntou o sentinela que guardava o portão.
Christopher tentou articular uma palavra, mas nenhum som saiu de sua boca. Nesse mesmo momento toda a sua força abandonou seu corpo e sua consciência se esvaiu completamente. Inconsciente, ele caiu ali diante do sentinela.

Ele perdeu a conta de quantos dias ficou inconsciente naquela cidade. Então um dia, ele acordou. Estava morrendo de fome.
Uma jovem aproximou-se
- Olá – disse ela. – Como você está?
- Estou com fome – disse Christopher, ainda sonolento.
A jovem sorriu.
- Tome – ofereceu um prato com um bife. – Coma a vontade. Você passou muitos dias desacordado.
Sem a menor cerimônia, Christopher devorou o bife.
- Onde estou? – perguntou.
- Na Cidadela de Prata – respondeu a jovem. – Agora descanse. Preciso cuidar de outros fazeres, e mais tarde eu volto para ver como você está.

Não demorou muito para Christopher se recuperar. Logo ele já caminhava pela cidade, conhecendo todos e aprendendo um pouco mais sobre aquele lugar. Sempre andava acompanhado da jovem, que se chamava Andie, e aos poucos foi se esquecendo de seu sofrimento no deserto vermelho.
Ali, Christopher podia ter uma vida normal. Sua dor, seu sofrimento haviam ficado para trás. Ali ele era feliz.

Certa tarde, Andie se ausentou por muito tempo, e Christopher vagou um pouco mais para perto do portão principal. Lá um grupo de moradores se reunia.
- Para onde estão indo? – perguntou Christopher.
- Iremos buscar alimentos – respondeu o líder do grupo, Darius, um bom homem que sempre ajudou Christopher em sua recuperação. – Nossas reservas estão acabando.
- Eu gostaria de ir com vocês – disse Christopher. – É meu dever ser útil de alguma forma aqui.
- Não creio que você já esteja preparado – disse Darius, contrariado.
- Eu faço questão – disse Christopher.
- Muito bem – concordou Darius.
E o grupo saiu logo em seguida.

Atravessaram o portão e logo caminhavam no imenso deserto vermelho. O grupo seguia em silêncio e prestava atenção em tudo à sua volta. Christopher caminhava ao lado deles. Foi então que Christopher viu ao longe uma mulher carregando uma criança no colo. Ele lembrou-se de seu antigo tormento.
- Olhem – gritou Christopher para o grupo. – Precisamos ajudar aquela mulher.
O grupo virou-se na direção que Christopher apontou e antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa o grupo partiu em disparada na direção da mulher.
Christopher ficou ali parado, sem nada entender.
Imóvel ele viu, quando o grupo atacou a mulher.
Imóvel ele viu quando o grupo despedaçava a mulher e a criança.
Imóvel ele viu os pedaços daquela mulher serem colocados em grandes sacos de couro.
Ele viu ao longe, um homem acorrentado, testemunhando aquela cena.
Então sua visão se clareou e ele pode olhar com mais clareza para o grupo que ele havia acompanhado até ali. Eram os predadores dos sonhos.
Tomado de um misto de nojo e horror, Christopher virou às costas para aquela hedionda cena e correu sem rumo pelo deserto.
Vagou por dias sem fim, até que quase sem forças, caiu diante do portão de uma bela cidade.
O sentinela abriu o portão e lentamente o conduziu para dentro da Cidadela de Prata.

Este era o seu terceiro tormento.

domingo, junho 10, 2007

Freedom





















Como você pode ver através dos meus olhos
Como? portas abertas?
Levando você até minha essência.
Onde estou tão entorpecida
Sem uma alma
Meu espírito está dormindo em algum lugar frio
Até que você o encontre lá
E o traga de volta pra casa

Me acorde por dentro
Chame meu nome e me salve da escuridão.
Faça meu sangue correr
( não consigo acordar)
Antes que eu me acabe
Me salve do nada que eu me tornei

Agora que eu sei o que me falta
Você não pode simplesmente me deixar
Me dê fôlego e me faça real
Me traga para vida

Congelada por dentro
Sem seu toque,
Sem seu amor, querido,
Somente você é a vida entre os mortos.

Todo esse tempo
Não posso acreditar que não pude ver
Estive perdido na escuridão, mas você estava na minha frente
Eu tenho dormido há 1000 anos, parece
Tenho que abrir meus olhos para tudo
Sem um pensamento
Sem uma voz
Sem uma alma
Não me deixe morrer aqui
Deve haver algo mais

Me traga para vida
Me salve do nada que eu me tornei