quinta-feira, dezembro 07, 2006

Respostas

O vento uivava assustadoramente naquela tarde. Christopher observava as ondas chocando-se violentamente contra a parede sólida do precipício. Os ventos alcançavam velocidades incríveis, e ninguém se aventurava a sair com aquele tempo. Uma tempestade se aproximava. Seus olhos encaravam o vazio. Sua alma estava atormentada. Ele olhava para o mar em busca de respostas. Mas no fundo de sua alma ele sabia que a resposta estava em outro lugar. Mas ele tinha medo. Medo da resposta. A única certeza que ele tinha é que ela se fora. Ela o abandonara. Pela segunda vez ela fugiu. Mas agora ele não tinha a mínima idéia para onde ela fugira. E isso o atormentava. Dias e noites, o rosto dela invadia sua mente. Ele perdia-se em devaneios, esperando vê-la na praia, como acontecera a muito tempo atrás. Aos poucos a vontade de viver foi abandonando-o até que Christopher tornou-se apenas uma sombra do que um dia fora. Ele estava acabado. Todo seu poder e majestade o haviam abandonado. E todas as tardes, ele subia no precipício e ficava encarando o mar em busca de respostas. Mas no fundo de sua alma ele sabia que a resposta estava em outro lugar. Mas ele tinha medo. Medo da resposta.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Esquecimento

Na mesa da taverna ele observa todos os freqüentadores. Todos parecem felizes. Ignoram o perigo que correm. Mas essa noite ele está em paz. Não veio para fazer novas vítimas. Desta vez, ele quer apenas beber. Beber e esquecer. Esquecer aquele belo sorriso. Esquecer aqueles olhos brilhantes e profundos. Esquecer aquela doce e suave voz. Esquecer o quanto se sentia indefeso perto dela. Esquecer o quanto tentara ignorar seu coração e deixou que ela se se aproximasse cada vez mais. Esquecer sua própria ingenuidade por achar que poderia colocar um fim naquele sentimento. Apenas esquecer....
A jovem traz a jarra. Apesar da simplicidade da moça, existe uma beleza notória em seu rosto. Ele a encara e sorri. Um sorriso malicioso e envolvente. Desconcertada, a jovem derruba a jarra. Ele segura a jarra antes que ela se quebre no chão. A jovem pede mil desculpas e sai totalmente envergonhada.
Ele sorri, pega a jarra e derrama o conteúdo em seu copo. Leva o copo a boca, mas não bebe. Sua atenção volta-se para a jovem que serve as bebidas. Parada perto ao balcão, ela não tira os olhos dele. Parece hipnotizada. Ele suspira. Queria paz, mas pelo visto não teria. Não nesta noite. Ele levanta-se. Olha para a jovem e pede que o siga. Em seguida caminha para fora da taverna. A jovem o segue ignorando aos chamados dos outros clientes.
A jovem deixa a taverna e caminha pela rua da cidade. Ela para. Olha para os lados procurando por ele. Ele está parado encostado em uma árvore. Ao ver a jovem ali sozinha, indefesa, ele gargalha. Ele se aproxima dela. Aproxima seu rosto do desnudo pescoço da jovem. A jovem começa a tremer. O suar escorre em sua testa, mas ela não se move. Sua boca toca levemente o pescoço da jovem.
A taverna fica em silêncio quando o grito da jovem corta a noite. Alguns mais corajosos correm para fora. Eles encontram a jovem. Jaz, na estrada, o corpo pálido e sem vida da jovem que há poucos minutos servia bebidas alegremente na taverna.
Ele havia feito mais uma vítima. Triste e abatido ele caminha de volta para a gruta úmida e escura que tem sido seu lar nos últimos meses. E novamente a lembrança voltou a sua mente. A lembrança daqueles olhos brilhantes e profundos. A lembrança daquela doce e suave voz. A lembrança de como se sentia indefeso perto dela. A lembrança de quanto tentara ignorar seu coração e deixara que ela se aproximasse cada vez mais. A lembrança de sua própria ingenuidade por achar que poderia colocar um fim naquele sentimento. Apenas a lembrança....

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Morte

A morte vem para todos
Prenúncio para todos do fim
Anúncio de um novo começo
Alegrias e tristezas terminam assim

Sejam eles homens ricos
Fartos em seus acertos e negócios
Sejam eles miseráveis pobres
Presos na esperança e no ócio

O que há de tão igual em todos?
O que faz os seres humanos tão iguais?
O princípio e o fim dos tolos
Que se apegam em coisas tão banais

Mas a morte não separa credos
A morte não respeita valores
Escolhe sua vítima a esmo
Aumentando assim seus temores

A morte une todos os povos
Faz a distância diminuir
Apazigua inimigos jurados
Rixas antigas faz extinguir

Até amores não declarados
Com a morte vão se revelar
E as mentiras mais absurdas
Aos poucos vão se mostrar

A morte é o que impulsiona a vida
A morte inspira os poetas
A morte aproxima os amantes
E carrega até mesmo profetas

Santos padres também não escapam
De seu doce e macabro abraço
Rabinos tão justos e nobres
Com ela encontram terrível amparo

Doce e suave como uma brisa
Ela vem na noite escura
Dolorosa e muito sofrida
Pode vir como vil tortura

Alívio para os que muito sofrem
Desespero para os que na vida se apegam
Fim de tudo para os incrédulos
Evolução para os que ao apego renegam

Esse é o presente dos deuses
Dado ao homem com grande pesar
Para ajudar na evolução de sua alma
Que insiste em na vida se apegar